Criando ETs ou Como não idiotizar uma criança

(mais um da série – estava no rascunho)


Confesso que muitas vezes me sinto uma mãe alienígena criando ETs (lindos) para popular a Terra.
Meus filhos são crianças normais mas aqui em casa algumas coisas não entram… não me acho melhor ou pior por isso, mas são as nossas escolhas.(não me apedregem, please)

Por exemplo, eles nunca comeram no McDonalds. Quer dizer, Isa já comeu num passeio (mas quis só o pão do hamburguer) e uma vez pediu uma porção de batata que, mesmo sendo a pequena, ficou pela metade.
Otavio nunca comeu.

Eu nem vou entrar no mérito do saudável, porque é algo absolutamente incontestável. Mas a questão vai muito além quando pensamos no todo. Fast food, filas, brinquedinhos, praça de alimentação, shopping. Eu não sou chiita. Eu vou (muito) ao shopping e à praça de alimentação mas não regularmente com as crianças.

Muitas vezes cedi aos pedidos dela pelos brinquedinhos mas, hoje em dia, adotei outra postura. Antes eu ia lá e comprava o brinquedo e só. Hoje eu digo pra ela que com aquele dinheiro eu consigo comprar canetinhas ou adesivos ou figurinhas (coisas que ela adora) e pronto! Está feita a troca. Geralmente, quando saímos das proximidades da praça de alimentação ela nem se lembra que queria ganhar algo.

Mas o caso mais recente que me fez pensar que posso estar criando ETs foi a da novelinha Carrossel. Um marco da minha geração e para todos os meus alunos que ADORAM me chamar de “professora Helena” com a vozinha do Cirilo, está sendo regravada e exibida pelo SBT atualmente e…. virou febre na sala da Isa. Por que meu deus? Por que?

Virava e mexia ela me pedia para assistir. Mas eu acabava entretendo-a com outra coisa e ela esquecia. Às vezes eu explicava que era só uma novelinha mas ela sempre contra-argumentava (aos 4 anos!!!) dizendo que todos os amigos assistem e tal…

Os pedidos se tornaram mais frequentes e eu cedi… Tem duração de uns 40 minutos e até que não é tãããão ruim. Embora eu ache que reforce esteriótipos, acaba tendo alguns ensinamentos. Mas o que me assustou mesmo foi o dia que a Isa estava cantando uma musiquinha e, quando perguntei que música era, ela me disse que era do Carrossel. Que todos os amigos da escola assistem e cantam.
Ela não assiste todos os dias, assiste quando se lembra ou quando coincide o horário já que, geralmente, no horário da novelinha estamos jantando. (faz tempo que não assiste e tem sido bom já que está lotada de merchan…)

Tenho consciência de que essas coisas todas serão parte das memórias da infância deles, fazem parte da formação cultural também. Para dizer se gosta ou não de brócolis, por exemplo, eu faço eles experimentarem, então talvez eles tenham que experimentar tudo isso para saber se gostam ou não? Acho que sim… O que eu questiono é o modo. Engolir sem racionalizar é o que me incomoda. Claro que eles, com 4 e 2 anos não irão racionalizar então o filtro e seleção vem de nós, pais.

imagem: We Heart It