O trabalho da mãe

Esse post NÃO É sobre o trabalho da mãe ao cuidar dos filhos em casa, sem “ajuda” ou divisão de tarefas com o pai ou os outros ocupantes do lugar.

Mas é sim sobre o trabalho da mãe nas empresas ou sobre as possibilidades que lhe restam pós-maternidade.

Já aviso que tem muitas verdades aqui… heheh mas também é para nos fazer pensar e, principalmente, FALAR mais sobre isso. Vamos lá!

trabalho da mãe

O trabalho da mãe

Há umas semana fui para um evento e encontrei, por acaso, duas amigas de longa data que hoje, após ANOS no mercado de digital (e uma PUTA experiência, diga-se de passagem) resolveram largar seus empregos estáveis e montaram um negócio próprio, juntas.

Me admirei porque sei o quanto ambas ralaram e são reconhecidas nos seus papéis profissionais. As duas tem filhos – cada uma um casal fofo e lindo, e eles já nem são pequenininhos e a dúvida pairava na minha cabeça: por que largaram tudo mesmo agora, que os filhos já estão maiorzinhos? Até que uma delas me disse:

Nós estamos preparadas para o mercado de trabalho, mas o mercado de trabalho não está preparado para as mães.

Né?

Depois disso (antes até), eu desejei do fundo do meu coração que a TODO MUNDO pensasse mais sobre isso. Sobre como o trabalho da mãe é diminuído tanto em casa quanto no mercado de trabalho.

Parece que há uma dicotomia onipresente: se é boa mãe não pode ser boa profissional.

Opa, pera lá!

Essa mesma amiga disse que, depois de 6 meses full time em casa, cuidado dos dois filhos, percebeu o quanto ela perdeu na relação deles… quantas coisas não viu e, ao dizer isso, os olhos encheram de lágrimas. Calma amiga, tá tudo sob controle, você sabe né?

Lembrei também de uma outra amiga excepcional, com mestrado, doutorado, professora universitária em instituições como a FGV, por exemplo, que “largou” seu emprego formal, numa empresa de um grupo enorme, após sem relegada a um cargo muito inferior ao seu potencial pela cultura machista da empresa e porque era mãe.

Essa amiga, inclusive, deixou de lado o sonho de ser mãe de novo após a sua saída. Nem vou contar do que aconteceu com a minha irmã, porque não foi fácil, MESMO!

Eu mesma larguei um emprego que AMAVA (muito!), depois da volta da licença-maternidade do Otavio porque fui atribuída a disciplinas de backup já que “não sabemos se você conseguirá cumprir seus horários agora que tem dois filhos”. Oi??

Eu já tinha minha empresa há 10 anos mas saí triste daquela jornada porém, aliviada.

Tenho amigas que largaram tudo pós maternidade para cuidar dos filhos – por gosto próprio ou por pressão da família, e vivem tentando se encontrar, querendo ser a profissional de antes mas não encontram mais lugar no mercado.

Então, me parece, que só existem duas opções para a mãe:

  1. ser a mãe tempo integral, que cria os filhos mas deixa de lado qualquer aspiração profissional 
    OU
  2. empreender

Alguns puristas podem dizer: ahhh Lele, mas tem muitas mães no mercado de trabalho, muitas mães trabalhando e dando duro em altos cargos.

Hummmm, pergunte a elas se elas se sentem confortáveis em sair do escritório porque teve uma emergência médica com o filho, ou porque tem uma apresentação da escola ou reunião e ela tem que sair mais cedo, ou ainda se há espaço para ordenha do leite materno assim que volta da licença-maternidade, se o plano de carreira dela segue no mesmo rumo, se ninguém, absolutamente ninguém na empresa, faz cara feia se ela faltou por algum motivo que envolva a sua maternidade?

As leis estão aí, os direitos dessas mães estão aí mas… ninguém parece fazer muita questão de segui-las.

Ok, vivemos sim numa sociedade mega machista mas se não falarmos disso as coisas nunca mudarão.

E OK 2, existem empresas já preparadas para isso mas… são a minoria OU, pior, é a cultura do RH mas não é a cultura absorvida pelos funcionários.

Essa é a verdade, nua e crua.

Se você mantém-se no emprego, ainda precisa justificar porque trabalha fora, como bem conta a Gabi nesse post.

E precisamos falar sobre isso, muito e sempre! Nós podemos SIM ser boas profissionais, em grandes empresas e ser mães excelentes e presentes também.

Não podemos ver a opção de empreender como a última alternativa possível.

Empreender é menos glamouroso do que acham, muito mais trabalhoso do que acreditam e menos rentável do que gostaríamos. Está mais ligado a satisfação pessoal do que a opção pós-maternidade. É sério!

Enquanto isso vemos as mães sofrendo com essas decisões, querendo equilibrar seus pratinhos, muitas vezes sem um olhar empático nem mesmo do próprio companheiro.

trabalho da mãe

Se você já parou para pensar se vale a pena, leia o post da Kah!

Me ajudem a falar mais sobre isso, deixem seus comentários e opiniões aqui! Compartilhem o post, façam barulho! heheh Estou doida para ouvir relatos POSITIVOS também!!

beijos
Lele

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18 comentários em "O trabalho da mãe"

  1. Rozangela disse:

    Empreendo ha 5 anos,quando engravidei da minha primeira filha gerenciava uma floricultura e AMAVA aquilo tudo…porem eles deixaram de me amar quando anunciei minha gravidez,automaticamente passei a ser uma pessoa que nao daria conta de fazer o que fazia antes.Como boa desbocada que sou surtei,e joguei as cartas ou as coisas continuariam como antes ou me mandassem embora ,pq havia um historico de terrorismo na empresa em relacao a gravidas e eu nao iria aceitar,foram 9 meses de lagrimas….enfim sai de licenca ,qnd voltei as coisas estavam como antes,mas eu nao era a mesma,nao consegui conciliar creche proximo ou alguem para me ajudar,enfim nao queria ficar longe daquela criaturinha,tinha ate certa liberdade de carregar ela uma vez por semana para o trabalho.Enfim pedi acordo e sai,ja tive outra bebe que agora tem 1 e 5 ,o que vejo do empreendorismo materno hoje e que ele te suga ,te leva ao paraiso e ao inferno em questao de minutos.Hoje tenho desejado muito estar fora,ter meu negocio para fora,sair de casa,ahhh me soa liberdade,ao mesmo tempo quebro a cabeca pensando em como fazer?aonde ficam as criancas,estou sendo egoista pensando em solucionar meus anseios?ahh mas todos estes questionamentos somem,quando vejo as duas brincando e eu posso ter alguns minutos neste meu paraiso particular de satisfacao,por poder acordar com elas ,viver tudo intensamente.

    1. UAU Rozângela! Lindo seu relato.
      É isso… às vezes nos falta clareza para tomar a melhor decisão ou simplesmente ter apoio.
      Sucesso para vc
      beijao
      Lele

  2. Le, adorei! Esse um assunto que me assombra muito ultimamente porque realmente desde que essa palavra “empreender” entrou em moda (lembro de ler muito sobre já nos primeiros blogs maternos), é como se essa fosse a unica alternativa de trabalho para as maes, e naturalmente parece sero que esperam de nós, mas será que todas tem esse perfil? (eu me sinto mais pra emperdedora hahaha, tá parei rs). Tb concordo que podemos sim ser ótimas em empresas e ótimas mães (conheço várias, mães de 3 inclusive). E precisamos falar mais sobre o tema sim, e ampliar essa ideia de “única opção” pois é claro, as melhores opções são diferentes para cada um!

  3. Então, tá. Vamos falar sobre isso.
    Como leio muitos blogs maternos, vejo bastante vocês falando dessa “única” opção para a mãe que quer trabalhar fora: o empreendedorismo. Mas NUNCA vi ninguém falando da minha opção: o serviço público.
    Pelo menos para mim, a carreira pública parece um bom meio termo nisso tudo. Não há diferenciação de cargos ou salários pelo fato de ser mulher ou mãe, nem mesmo na seleção, uma vez que o concurso público depende unicamente da gente, do nosso estudo.
    No dia a dia, é bem mais tranquilo que a iniciativa privada para pegar férias, licença médica para cuidar do filho e compreensão de compensação de horário quando preciso.
    Eu escolhi um cargo de 8 horas/dias (tenho a vantagem de poder trabalhar de casa esporadicamente), mas há diversos cargos públicos por aí com jornada de 6 horas/dia.
    Enfim, achei válido trazer essa opção para a conversa ;)

    1. Luana disse:

      Oi Talita, também sou funcionária pública. Na Prefeitura do RJ temos 6 meses de licença maternidade e mais 6 meses de licença aleitamento (para mães que continuam o aleitamento materno e que solicitam). Foi um dilema pensar em deixar minha bebê na creche, mas o fator compreensão pediu muito. Hoje ela tem 2 anos e passa o dia na creche. Conciliamos bem graças a essa estabilidade e companheirismo do serviço público. Trabalho bastante, não se iludam. Mas compensa.

    2. Ta
      achei ótimo o seu exemplo e experiencia mas é uma opção que requer muito mais planejamento.
      É uma opção de carreira diferente e não disponível para todos.
      Fico feliz por vc, mas infelizmente não é a realidade para a maioria ne?
      bjs

  4. Mariana disse:

    Sou minoria. E sou grata por ter todas essas facilidades na minha vida de mãe e profissional. Não tenho puderors em sair correndo pra socorrer a filha que caiu na escada da escola, assim como não preciso de desculpas pras chegar mais tarde porque tem reunião de pais. Dei sorte. Muita. Mas dei duro também. Sei do meu valor como profissional, sei que a empresa não é boazinha comigo a toa. A empresa não quer me perder. Então fizemos.um acordo velado: eu dou o que eles querem é eles me dão o que eu quero.

  5. Eu comecei um movimento para o empreendedorismo materno ano passado, antes do meu ex marido (na época ainda marido) adoecer. Participei do Conamãe, primeiro congresso online de mães empreendedoras, dei o start, mas depois minha vida virou de cabeça para baixo e não consegui priorizar o empreendimento e deu uma pausa, longa até, que dura até agora, mas acredito demais no poder de ter um negócio próprio, ser dona, trabalho com mais propósito. É preciso estudar muito, se empenhar, pq não é fácil. O caminho é árduo e tem que buscar muita informação para tirar do papel

  6. Claudia Bins disse:

    Pois é, também saí de um baita emprego e caí de para-quedas na vida de mãe full time. Claro que logo comecei a inventar coisas e parti para empreender. Mas meu caso era um pouco diferente. Mesmo na empresa eu trabalhava de casa, fazia home office. Me considero uma sortuda por ter tido essa oportunidade. Por ter podido ficar pertinho das minhas filhas mesmo tendo um emprego super bacana. Mas eu sei, isso é exceção!

    Clau
    @AsPasseadeiras

  7. Bárbara disse:

    Já pensei mil vezes em largar o emprego e ficar com as crianças mas sempre acabo continuando porque amo meu trabalho e tenho certa flexibilidade. Ótima reflexão!

  8. Lelê,
    é a mais pura verdade.
    Eu lembro que ouvi a frase: você prioriza ser mãe. E que eu respondi. Priorizo tanto ser mãe que até trabalho por causa das minhas filhas.
    E sim, a maioria das mulheres mães em altas posições delegaram mais do que gostariam na maternidade.
    beijos
    Chris

  9. Eu trabalhei dos meus 15 aos 30 anos, e quando engravidei estava no auge do que gostava de trabalhar, mas não pensei duas vezes e alertei minha chefe que não voltaria…
    Não conseguiria entregar meu filho a ninguém, e deixar sua vida passar, tentando imaginar como foi seu dia…
    Hoje com 6 anos (meu filho), já tentei trabalhar meio período, no horário que ele está na escola, mas as oportunidade são quase nulas… E empreender é como vc falou, é uma caminho bem difícil, mas pode ser uma opção…
    Bjs
    Ju

    1. Empreender nao é para todos, mas é um bom caminho
      o que me preocupa é largar tudo e depois acordar tarde demais para o mercado
      bjs

  10. Aline disse:

    Olá
    Tenho filho de 2 anos e deixo ele na creche desde os seus 5 meses. Não tem uma semana que eu não me lamente por não estar com ele o dia todo. Trabalho por que gosto e mais ainda porque preciso, pois o mercado não está fácil. Muita concorrência e nem sempre o marido consegue sustentar a família de forma tranquila. Mas quando o bebê fica doente, é a mãe que precisa largar tudo e correr para um médico. Me sinto sempre fragilizada, do tipo, a empresa não vai entender as saídas mais cedo e quando tiver um momento de corte, isso é que pode pesar na decisão.

    1. e é horrivel viver com esse sentimento todos os dias ne?
      sorte pra vc
      bjs

  11. Adriana disse:

    Nossa realidade aqui no Brasil é bem diferente. Temos leis mas o patrão faz vista grossa. Mknhanirmabfoi mandada embora quando a Carmen tinha 3 meses. Não tem Jeito Lele. Minha irmã diz…..”para não se queimar no mercado” ela aceitou de cabeça baixa a proposta massacrante.

  12. Lele,
    Excelente post… Acho que todas temos um lugar ao sol, não podemos desistir, mas temos sempre que buscar o que é melhor pra gente…
    Já passei por poucas e boas, mas no final é sempre positivo.
    bjs,
    Kah

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