Perda auditiva

Quando nasce um bebê, nascem também uma mãe e um pai, além de uma avalanche de dúvidas sobre a saúde da criança. Um item que eu nunca imaginei foi sobre perda auditiva.

Me lembro que ainda no primeiro dia de vida eles fizeram testes de audição com a fonoaudióloga da maternidade e a Isabela teve que refazer depois de uns dias. Tudo ok naquele momento e seguimos em frente.

Mas é importante estar atento pois a perda auditiva pode influenciar em diversos fatores do desenvolvimento da criança.

Entrevistei a fonoaudióloga e diretora técnica da Direito de Ouvir, Andréa Varalta Abrahão e vamos sanar TODAS as dúvidas! Vem conferir!

perda auditiva

Perda Auditiva

De acordo com Andréa Varalta Abrahão, “Quando a perda auditiva é detectada precocemente, mais chances de o desenvolvimento da criança com problemas auditivos ser similar ao da criança ouvinte”.

Há duas categorias de perda auditiva: condutiva e neurossensorial.

A perda auditiva condutiva pode acontecer quando há um bloqueio na transmissão do som. Isso pode acontecer, por exemplo, quando a cera entope o conduto auditivo e impede o tímpano de vibrar. Ela também acontece quando há uma interrupção na transmissão das ondas sonoras para o cérebro, em decorrência de um ferimentos no tímpano, por exemplo.

Na perda neurossensorial há falha do nervo auditivo. Portanto, mesmo que as vibrações sonoras atinjam o ouvido interno, elas não são enviadas como impulsos para o cérebro. Isso acontece em razão do envelhecimento natural das células, por infecções virais, barulhos muito altos, efeitos colaterais de medicamentos.

O diagnóstico inicial deve ser feito por um otorrinolaringologista. Se a perda auditiva for comprovada, o paciente será encaminhado para um fonoaudiólogo. Esse profissional vai avaliar a perda auditiva e indicar um aparelho auditivo.

Quando o uso do aparelho auditivo é recomendado?

O uso do aparelho é recomendado quando é identificada a perda auditiva por meio de um exame chamado audiometria. Pessoas que ouvem em torno de 20 decibéis têm audição considerada normal. A partir daí, são definidos alguns graus de perda auditiva:

  •  NORMAL (0 A 20 dB) – Ouve todos os sons normalmente;
  •  LEVE (21 A 40 dB) – Quando uma pessoa tem dificuldade para entender a fala e alguns sons como o canto dos passarinhos;
  •  MODERADA (41 A 70 dB) – Neste caso, há dificuldade para ouvir o latido do cachorro, o bebê chorando, o aspirador de pó e outros ruídos mais altos;
  • SEVERA (71 A 90 dB) – Pessoas com este tipo de perda auditiva não conseguem ouvir o o toque do telefone, compreender a fala, por exemplo;
  •  PROFUNDA ( > 91 dB) –  Já as pessoas com perda auditiva profunda não ouvem sons considerados muito altos como uma máquina de cortar grama, um caminhão, a turbina de um avião.

A especialista comenta os principais aspectos a serem observados a cada fase da vida da criança.

No nascimento

Na primeira infância, o teste da orelhinha ou triagem auditiva neonatal oferece a chance de diagnóstico precoce da deficiência auditiva. “O teste, obrigatório desde 2010, é feito ainda na maternidade. É colocado no ouvido do bebê um pequeno fone, acoplado a um computador, que emite um som de baixa frequência e mede as respostas dos ouvidos médios aos estímulos sonoros”, explica Abrahão.

Quando o diagnóstico é positivo, o bebê é encaminhado para o médico otorrinolaringologista, que irá orientar o tratamento para o problema. “Identificar o déficit auditivo na primeira idade significa assegurar a obtenção da fala, evitando o comprometimento do desenvolvimento social e emocional da criança.”

O exame é realizado pelo menos dois dias após o nascimento e entre o segundo e terceiro mês de vida do bebê. Dados da Academia Americana de Pediatria revelam que pelo menos um a três bebês a cada mil nascidos têm diagnosticada deficiência auditiva.

Na infância

A descoberta precoce da deficiência auditiva é indispensável para que, no caso de intervenção, o início do tratamento seja imediato. Isso reduz potenciais consequências emocionais do convívio social, como isolamento, não aceitação, vergonha para se comunicar, dentre outros problemas secundários. “O diagnóstico tardio pode atrasar o desenvolvimento da fala da criança e também comprometer o rendimento quando ela já frequenta a escola. Identificar o problema e buscar a ajuda é essencial para que a criança com perda auditiva se desenvolva de forma muito similar à criança ouvinte”, afirma a especialista.

Em qualquer idade, quando há indicação de uso de aparelho, a tecnologia permite que, esteticamente, a adaptação seja fácil e o dispositivo quase imperceptível.

Uma criança com perda auditiva pode ter atraso escolar!

Todas as crianças precisam escutar para aprenderem a falar. Dessa maneira, bebês que não escutam podem ter muitas dificuldades para desenvolver a linguagem. Se a perda acontece em idade escolar, a criança não consegue acompanhar e absorver os conteúdos apresentados pelos professores. Há uma questão que vai além do aprendizado: uma criança que não ouve bem tende a se isolar, pode ser motivo de piada dos amiguinhos. Isso certamente também interfere em seu comportamento e na relação com a escola.

É possível recuperar esse atraso com terapias, e há crianças que podem precisar de um acompanhamento multidisciplinar, com a ajuda de um psicólogo, inclusive.

Em alguns casos a perda auditiva pode ser confundida com TDAH porque a criança com problemas auditivos pode ter dificuldade de aprendizado e concentração nas aulas. Mas uma visita ao otorrinolaringologista pode tirar esta dúvida e ajudar no encaminhamento do tratamento correto.

Na pré-adolescência

Na fase de pré-adolescência também é importante que a família esteja atenta à criança, para perceber se ela apresenta alguma dificuldade de interagir ou de entendimento – de conteúdo ministrado pelo professor na escola, por exemplo. “Esses podem ser sintomas da perda auditiva”, alerta a fonoaudióloga.

O exame de audiometria é uma medida de precaução, que pode avaliar se a capacidade auditiva do pré-adolescente permanece preservada. A audiometria é um exame preventivo, muito recomendado para diagnósticos, que pode detectar possíveis alterações quando há suspeita de perda auditiva, histórico de hereditariedade ou quando o ocorrem traumas por infecções, suspeita de ruptura de tímpano ou influência de uso de medicamentos.

Segundo Abrahão, outros exames, mais complexos, também podem ser necessários quando há suspeita de perda auditiva, como a imitanciomentria, Bera e emissões otoacústicas.

Também há casos que demandam a realização de radiografia e tomografia computadorizada. “Havendo a suspeita do problema, o procedimento usual é a consulta ao médico otorrino, que fará o encaminhamento para a fono.”

A prevenção ainda inclui o cuidado com a higiene dos ouvidos. “O ideal é não inserir hastes flexíveis ou qualquer objeto dentro do conduto auditivo para não ferir o tímpano. A exposição a ruídos excessivos por tempo prolongado também pode ser prejudicial”, diz Abrahão.

A recomendação da especialista é que os pais mantenham em um volume adequado – menos de 80 % do máximo – os fones de ouvido para música ou para jogos eletrônicos.

Principais sinais de perda auditiva

No caso das crianças:

– uma criança maior do que três meses ignora sons ou não vira a cabeça na direção de um som;

– um bebê maior de um ano de idade não parece entender nem mesmo algumas palavras;

– crianças de até três anos: atraso no desenvolvimento da fala;

– meninos e meninas em idade escolar: a dificuldade de aprendizado e concentração nas aulas, necessidade de assistir TV em volumes muito elevados ou até mesmo dificuldade para entender conversas em casa.

Nos adultos:

– Se a pessoa assiste televisão com o volume muito alto e as pessoas reclamam do volume;

– Pede sempre que as pessoas repitam várias vezes o que disseram;

– Possui dificuldade para se comunicar em locais com ruído, como festas, carro ou ônibus;

– Dificuldade para escutar sons de aparelhos como telefone ou relógio;

– Costuma interpretar a fala das pessoas através da leitura labial;

– Muitas vezes, não consegue escutar quando uma pessoa está muito longe;

– Diz que escuta mas não entende o que os outros dizem.

Acompanhamento Médico

Recomenda-se que as pessoas façam exames auditivos a cada seis meses. Quem não tem problemas auditivos também precisa se cuidar: recomenda-se fazer um exame anual para saber se está tudo bem.

Por aqui temos um menininho com suspeita de perda auditiva e isso é um histórico da minha família.

Estamos acompanhando mas sem diagnóstico fechado ainda, mas contando com bons profissionais para isso.

Fiquem atentos!

beijos
Lele

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19 comentários em "Perda auditiva"

  1. Tema muito importante Lele! Sei de casos em que a criança tinha perda auditiva e demorou muito para o problema ser diagnosticado. É triste porque pode prejudicar o desenvolvimento dos pequenos. Beijos, Fabi Fontainha

    1. Sim, é bem prejudicial para o desenvolvimento.
      Ainda bem que temos uma especialista por perto ne?
      bjs

  2. Claudia Bins disse:

    Tema importante, sem dúvida. Hoje em dia existe tanta tecnologia e soluções interessantes que podem auxiliar e até mesmo resolver esse problema. É preciso estar atenta!

    Clau
    @AsPasseadeiras

    1. Isso Clau!
      Nunca é tarde mas se for possível diagnosticar precocemente, melhor

  3. OI Lelê, muito importante o acompanhamento. Por aqui fizemos os testes no nascimento, foi feito um a pedido da escola e da pediatra no início do período de alfabetização e fazemos os exames periódicos.
    beijos
    Chris

    1. É isso aí!
      Prevenir e estar atento!

  4. melissa disse:

    Todos que cuidam das crianças devem ficar atentos!! Quando a criança inicia o processo de alfabetização também pedimos uma avaliação da fono!

    1. ISSO! Foi nesse momento que identificamos uma possível perda do meu filho
      bjs

  5. Camila disse:

    Muito bom o texto. O acompanhamento desde de cedo é essencial. Aqui estamos sempre observando. Hoje mesmo a Maria Clara foi fazer audiometria!
    Beijos

  6. Laís Sass disse:

    Assunto bem relevante!! nao sabia nem que poderia existir isso. Por isso as consultas com o pediatra devem ser regulares!

    1. E ha muita confusao em diagnóstico!
      bjs
      Lele

  7. Post de utilidade pública. Toda mãe deveria ler, e assim conseguir identificar os primeiros sinais.

  8. Claudia Leonardi disse:

    Ótimo post Lelê!
    Completo, com informações muito importantes.
    Os pais precisam ficar atentos sempre.
    Por aqui os meus também fizeram o teste na maternidade e depois na idade pré-escolar.
    Bjs

  9. Ana Claudia disse:

    Muito bom o seu post. Esses testes são fundamentais para diagnóstico precoce. O que ajuda muito no caso de algum problema.

  10. Tatiane disse:

    Ótimo post de alerta, muitas pessoas fazem na maternidade depois deixam de acompanhar! Aqui passamos anualmente em fono e oftalmologista.

  11. Ótimo Post, precisamos sempre fixar atentas as mudanças ou dificuldades né,

    Bjs Mi Gobbato @espacodasmamaes

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