Caminho suave, ou nem tanto…

Quando se tem filhos na fase de alfabetização a ansiedade toma conta. Queremos vê-los entendendo as letras, juntando as sílabas, lendo palavras!! Sensação indescritível quando sua filha está no carro e começa a juntar as sílabas e ler! De verdade! hehe Esse pode ser um caminho suave, ou nem tanto…

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Se você tem 30 anos (ou mais) é bem provável que tenha sido alfabetizado com a famosa cartilha Caminho Suave. E, se você é da área de educação (como eu) se arrepiou agora!

A cartilha Caminho Suave foi a principal ferramenta de alfabetização da rede pública de ensino. Seu processo de aprendizado pela memorização da imagem é o que chamamos, popularmente, de “decoreba”! Teve seu mérito e seu alcance, dentro daquele momento da educação.

Hoje, o ensino é permeado pelo contexto, não dá para formar leitores a partir dessa técnica antiquada. Com tantos estímulos que recebem hoje, a criança se vê num mundo em que a cartilha é, no mínimo, monótona.

Porém ouvi de uma mãe a seguinte frase: “não faço lição com a minha filha porque não tenho tempo, mas uma amiga me indicou a cartilha Caminho Suave e eu comprei. Ela está aprendendo a ler”. OI??? A escola tem um sistema de ensino e a mãe, na ânsia de acertar – tenho certeza disso, compra uma cartilha que joga todo o trabalho da escola no lixo. Construtivista, sócio-interacionista ou mesmo as chamadas “escolas tradicionais”, ninguém mais usa – ou deveria usar, essa cartilha… é um retrocesso!

E, nas minhas pesquisas sobre o tema, achei um comentário muito lúcido e vou reproduzi-lo aqui:

“Com o objetivo de chegar a cidade de São Paulo saindo da cidade de Campinas podemos sugerir que pelo viés da preservação do meio ambiente seria interessante montar em uma mula e fazermos o percurso em três dias, assim sendo poderíamos argumentar que poluímos menos o ambiente, não corremos perigo de vida, etc… e ainda afirmar que no ano 1900 todos que saiam de mula chegavam em São Paulo sem grandes problemas. Agora afirmar que é melhor ir de mula do que ir de Carro e justificar essa hipótese com as afirmações anteriores é extremamente complicado. A tecnologia chega solucionando inúmeros problemas; tempo gasto, tempo perdido, conforto, trânsito, eficiência e gera outros como custos, poluição etc… Mas mesmo assim a comparação é ingênua e insignificante.
O carro esta para a mula como as metodologias atuais estão para as antigas ditas como tradicionais (cartilhas), hoje entendemos como a criança aprende e não formamos mais pseudo leitores, hoje alfabetizar significa decodificar, interpretar e criticar os signos escritos, a linguagem escrita é decifrada, é questionada, é apreciada, pelos alfabetizados. Coisas que poucos conseguiam na época das mulas. Os poucos alunos que concretizavam o antigo grupo escolar não ganhavam o habito da leitura, pois ler era um castigo literalmente, muitas vezes professores e gestores da época combatiam as chamados, “atos de indisciplinas”, com leituras na biblioteca, ou seja Ler era uma punição. Atualmente além de entendermos os estágios e os processos de aprendizagem que o infante se encontra, despertamos nele o habito e principalmente o prazer na leitura. Hoje a escola é um direito de todos, e todos tem o direito de apreender a gostar de ler, mas há de existir aqueles que preferem nostalgicamente dar uma voltinha de mula, a esses recomendo um bom antiinflamatório e um bom livro para a boléia.

Prof. Marcelo Gusson – Coordenador do Ensino Fundamental II da Secretaria Municipal de Rio Claro”

Quem quiser ler a matéria completa e todos os comentários, estão aqui.

Mas, de qualquer forma, vale o alerta: quando você escolhe uma escola leve em conta não só o preço e a localização, o método de ensino. Investigue, pergunte, peça exemplos! Pois só assim você vai conseguir ajudar seu filho em casa sem confundi-lo.

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