Quem são os Papais Noéis dos shoppings?

A gente sabe que Papai Noel de verdade só tem um, né? *
Mas durante a temporada de Natal nos shoppings, que começa em novembro, geralmente, ele espalha seus ajudantes por aí para receber os pedidos das crianças, enquanto trabalha produzindo e separando os presentes do mundo inteiro!

Hoje vamos contar a história de alguns desses papais noéis que estão nos shoppings do Rio de Janeiro… tem cada uma!

O Papai Noel da Ilha do Governador se chama Luiz Carlos, mora em Curitiba e está no Rio para o trabalho de Papai Noel do Ilha Plaza. Este é o décimo primeiro ano que ele interpreta o personagem e o segundo ano na Ilha do Governador. Começou a “carreira” por acaso. Andando em Curitiba, foi convidado por uma agência de Papais Noéis e acabou aceitando. Ao longo do ano, trabalha como tradutor, já que morou na Suíça por 37 anos e fala sete idiomas. No dia 26 de dezembro, corta a barba e vai deixando crescer ao longo do ano, até o próximo Natal.

“Este é meu décimo primeiro Natal como Papai Noel e a cada ano me surpreendo e me divirto com os pedidos das crianças e suas reações ao me verem. Passamos por um treinamento para saber lidar com os ‘pequenos’ seus desejos e expectativas sobre este personagem, que é a atração do Natal. Tenho orgulho de poder dar um pouco de felicidade a cada um que me faz pedidos e pede uma fotografia”.

NorteShopping

Orlando de Paula Cândido é o Papai Noel do NorteShopping. O Sr. Candinho, como é conhecido, tem 62 anos. Tudo começou com uma matéria de TV sobre vagas para Papai Noel, que despertou o seu interesse e o fez procurar por mais informações. A partir de então, fez o curso de Papai Noel, que durou quatro semanas e há oito anos encanta as crianças com o ofício de sua profissão. Sua barba é natural e, segundo ele, a conserva há mais de 40 anos. Durante o ano, quando não coloca sua roupa vermelha, ele é jornaleiro.

“Não me esqueço quando conheci um garotinho e ele me pediu um presente para o amiguinho dele, pois ele já tinha tudo e seu coleguinha não tinha condições de ter o mesmo que ele. Nós achamos que ensinamos as crianças, mas a verdade é que aprendemos muito mais com elas”, declara. Segundo ele, o que mais a garotada pede atualmente são bicicletas. Mas na era da tecnologia, sempre há uma ou outra criança que chega pedindo tablet e celulares. “Já houve criança pedindo até caixa de cerveja de presente para o avô”, comenta o bom velhinho.

Para quem quer se tornar Papai Noel algum dia, ele alerta que é preciso gostar de crianças. “O Papai Noel possui diversos papeis, não apenas aquele de entregar presentes, mas também de se tornar um amigo e confidente das crianças”, finaliza.

Plaza Shopping Niterói

O Papai Noel do Plaza Shopping Niterói é o Sebastião Cardoso de Oliveira, de 67 anos. Ele mora em Petrópolis, diz que lá fica mais perto do céu onde guarda o trenó e as renas, mas vem para a Cidade Sorriso alegrar o Natal das famílias. O Bom Velhinho recebe crianças e adultos de Niterói sempre com o coração aberto. “Para mim, este é o espírito do Natal: desejar o bem e proporcionar um momento de atenção e carinho para quem precisa”.

Além de brinquedos e roupas, Sebastião também recebe alguns pedidos emocionantes: Um menino que sempre ficava me olhando, um dia chegou com sua mãe e me disse que queria seu pai de volta. E ele continuou ‘Papai Noel, é o presente que eu mais queria nesse Natal’. Naquele momento eu olhei para a mãe dele com os olhos cheios d’água e vi que os dela também estavam. Ela me contou que o menino perdeu o pai em um acidente de carro. Eu desejo do fundo do meu coração que esse seja um Feliz Natal para eles, mesmo com a dor e a saudade”.

Sebastião começou a trabalhar como Papai Noel em 2006 e esse é seu terceiro ano consecutivo no Plaza Shopping Niterói. Aposentado, ele diz que espera ansiosamente o ano todo pelo Natal. “Eu amo essa época de fim do ano e esse meu novo trabalho depois da aposentadoria. A cada ano, o único compromisso que eu marco na agenda é o de me transformar em Papai Noel durante o Natal”.

Recreio Shopping

O Papai Noel do Recreio se chama Carlos Roberto e ele sempre foi o bom velhinho informalmente. Mas, como profissional é a primeira vez e ele declarou que está muito feliz com o trabalho e que esse ano será o primeiro de muitos. “Eu choro, me divirto, me emociono e sorrio com a alegria e a emoção das crianças. Tem uma menina linda que vem aqui todos os dias só para me abraçar. Me sinto renovado e leve”, completa ele.

O Sr. Carlos é aposentado e trabalhou mais de 30 anos na área financeira de empresas. Hoje em dia, ele é figurinista de novelas da Globo e Record. Seu último trabalho foi na novela Dez Mandamentos, da TV Record. Mas, ele disse que faz tudo com tanta paixão que já recebeu outras propostas para o ano que vem continuar sendo o bom velhinho.

Com lágrimas nos olhos ele conta dois pedidos comoventes, mas um tanto inusitados das crianças. “Uma menina pediu uma casa para morar com o irmão e a mãe, pois disse que eles seriam despejados e não tinham onde morar. Outro garotinho, também disse que não queria brinquedos e sim que o Papai Noel trouxesse seu pai de volta para casa. Não tem como não ficar triste com essas histórias, mas infelizmente eu só posso dar brinquedos a garotada. Ao mesmo tempo respondi a eles que vou orar para que eles consigam seus presentes e que tenham um Natal com muita alegria”, conta Carlos.

Shopping Tijuca

O Papai Noel do Shopping Tijuca é um senhorzinho muito simpático e cheio de peculiaridades. Ele se chama Sleiman Assab Jibrine, mas é conhecido só como Jibrine. De origem libanesa, veio para o Brasil quando tinha apenas oito anos de idade. Desde novo, sempre gostou de ter barba grande. Por conta da sua naturalidade, costuma dizer que a barba é muito tradicional na sua família e é cultivada com muito carinho e cuidado por todos os homens.

Ele tem 72 anos e já caminha para os 73, que fará em março do ano que vem. Começou sua jornada como Papai Noel na creche de sua neta, e em meio à torcida do Fluminense, em uma partida de futebol no Maracanã, ganhou a chance de crescer e se profissionalizar na “carreira”. Desde então, há seis anos, o dezembro é dele. Bate ponto nos principais shoppings do Rio, fixo em um e aproveitando sua folga em outros, além de fazer a alegria de muitas famílias na noite do dia 24 de dezembro, quando ele peregrina pela cidade com sua sacola de cetim vermelha cheia de presentes e emociona a todos com sua ilustre presença. Pedidos? Já recebeu muitos.

Conta que certa vez um menininho de sete anos chegou de mansinho e lhe revelou um de seus maiores desejos, que era ter uma irmãzinha. Jibrine delicadamente lhe respondeu: “Olha meu querido, nesse caso o Papai Noel não vai conseguir ajudar, mas pode deixar que ele vai falar com as pessoas certas para que o seu desejo seja realizado”. Realizado ou não, o Papai Noel, naquele momento, foi digno de receber uma confissão calorosa e sincera, que só os pequeninos são capazes de fazer a ele.

Shopping Via Brasil

O Papai Noel que recebe a criançada de Irajá no Shopping Via Brasil é o Julio Granato Silva Areal, de 75 anos. Há oito anos se vestindo de Bom Velhinho, o ex-corretor de imóveis tem certeza que esse é seu melhor emprego. “Para mim, ser Papai Noel é uma benção, a coisa que eu mais amo fazer. Eu participo de muitos momentos especiais da vida das pessoas, e essas pequenas coisas me emocionam muito”.

Julio sempre foi chamado de vovô pelas crianças do bairro onde mora, pois ama brincar e estar perto da garotada. Mas não são só os pequenos que fazem pedidos ao Bom Velhinho. “Muitos adultos ainda buscam consolo com o Papai Noel. Aqui, por exemplo, eu já recebi um pai desempregado e uma senhora deficiente que pediam a mesma coisa: uma vida melhor. E eu me sinto feliz em poder ajudar de alguma forma, emprestando meu ouvido e dando um pouco de atenção. Por incrível que pareça, conversar na cadeira do Papai Noel é melhor e mais eficiente do que conversar na de um psicólogo”, brinca Julio.

“Certo ano, uma menina veio até mim e sentou ao meu lado. Perguntei o que ela queria de presente de Natal e ela respondeu ‘Ah, não quero nada! Agora eu já tenho tudo que preciso’. Com os olhos cheios d’água a mãe dela me explicou, a menina e o irmão tinham sido adotados há pouco tempo. E eu fiquei muito emocionado em saber que ela tinha conseguido seu presente de Natal, a sua família. Agora responde, tem como não gostar do Natal, tem como não gostar do que faço?”. Não, não tem.

Ah… me diga se o Papai Noel está ou não mesmo MUITO bem assessorado com os seus Papais Noéis ajudantes???

Beijos
Lele